Vale tudo para melhorar o ambiente de trabalho?

Em busca de um clima organizacional mais leve, algumas empresas liberam o consumo de cerveja no escritório, algo que arrepia especialistas em RH

Um dos grandes tabus no ambiente de trabalho é o consumo de cerveja ou qualquer bebida alcoólica durante o expediente. Entretanto, algumas empresas começam a flexibilizar o rol de condutas consideradas adequadas em busca de um clima organizacional menos rígido.

Essa tolerância maior, característica de gigantes da tecnologia, agora também pode ser vista em empresas como as brasileiras Nimbi e Flatbox.

Criada em 2000, com outro nome, a Nimbi reposicionou sua marca em 2015 e, desde o ano passado, vem mudando também sua gestão. O ambiente de trabalho da desenvolvedora de soluções em supply chain management (gestão da cadeia de suprimentos), com escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro, se assemelha ao de uma startup. O sócio-diretor da Nimbi, Carlos Campos, diz que eles trabalham como se fossem uma companhia jovem, mas com experiência.

Essa mescla, argumenta, é fundamental para o bom relacionamento entre funcionários e gestores – e também se reflete na velocidade da produção, segundo ele. A ideia de liberar o consumo de cerveja no ambiente de trabalho surgiu nesse contexto. “O importante não é o fato de a cerveja ser permitida, mas sim a sensação de liberdade e do ambiente mais leve aqui dentro”, afirma.

Campos garante que a Nimbi nunca teve problemas em razão da medida. Ele explica que não há restrições, mas sim um acompanhamento da conduta por parte dos gestores, assim como o bom senso dos funcionários.

Outra empresa que adotou iniciativa semelhante é o grupo Flatbox, que atua em comunicação, marketing e inovação por meio de quatro unidades de negócios: Giganti, ePlay, Greenz e C4. Com um ambiente descontraído, que inclui no mobiliário itens como uma mesa de sinuca, o grupo também permite o consumo de cerveja no horário de trabalho.

Segundo Marcelo Coffani, um dos sócios, as instalações físicas do grupo já foram pensadas para proporcionar uma boa atmosfera de trabalho, com um local propício para almoçar e uma grande área de lazer, por exemplo. A cerveja é só mais um ingrediente para proporcionar tranquilidade aos profissionais, afirma Coffani, que cita o Facebook e o Google como exemplos em termos de ambiente de trabalho.

Contraponto

Apesar dos pontos positivos, pode não ser simples assim adotar esse tipo de medida se não houver afinidade com o perfil organizacional. O diretor e vice-presidente de Eventos e Relações com a Comunidade da Associação Paulista de Recursos Humanos e Gestores de Pessoas (AAPSA), Luciano Amato, diz que é bem improvável que as empresas em geral sejam liberais a esse ponto.

“Tudo depende da cultura da empresa”, resume. “O que importa mais é o que os investidores e o seu público-alvo acham. Uma companhia mais tradicional sofreria para mudar a conduta, demandaria um certo tempo e investimento”, pondera o especialista.

Amato destaca que há outras formas de tornar o ambiente de trabalho mais agradável dentro da empresa. As medidas vão desde as mais simples, como adotar cores vivas nas paredes e no mobiliário ou ajustar a iluminação, até reformas para incluir equipamentos de lazer.

Objetivos

Para os especialistas, é preciso ter clareza quanto aos objetivos. Se a proposta é apenas tornar o clima menos formal, o aval para consumo de cerveja pode fazer algum sentido. Se a proposta é melhorar a produtividade ou reduzir a rotatividade, provavelmente não será eficaz, diz o diretor jurídico da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Brasil (ABRH), Wolnei Ferreira.

“Salários competitivos com o mercado, possibilidades de crescimento, pacote de benefícios atraentes, flexibilidade de horários e de local de trabalho são algumas das medidas mais eficientes que podemos citar neste caso”, diz.

 

Autor: Guilherme Souza

Fonte: Fenacon

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